Quase dois anos depois, começou hoje o júri do lutador Rafael Martinelli Queiroz, acusado de espancar até a morte o engenheiro eletricista Paulo César de Oliveira, dentro de um hotel no centro de Campo Grande. O julgamento é realizado na 1ª Vara do Tribunal do Júri da Capital.
O juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida preside o julgamento. Ao todo, sete jurados integram o conselho que vai sentenciar o lutador.
Garcete adiantou que cinco testemunhas de defesa foram chamadas, mas duas pediram dispensa e justificaram ausência. Depois do depoimento delas, Martinelli será interrogado.
Após estes procedimentos, promotores e advogados devem se reunir para analisar e contestar as provas.
LAUDO PSIQUIÁTRICO
A defesa do lutador apresentou laudo psiquiátrico, alegando que o jovem tem transtorno de borderline, condição mental caracterizada por humor, comportamentos e relacionamentos instáveis.
Com base neste laudo, os advogados do lutador querem demonstrar que Martinelli é incapaz de compreender o crime em sua totalidade, o que o torna semi-imputável.
Segundo o juiz, o laudo pode ser contestado e ao final do julgamento existem três possibilidades de sentença.
Os jurados podem considerar o lutador incapaz de responder pelos próprios atos, fazendo com que ele seja condenado a internação em clínica psiquiátrica.
Ele também pode ser considerado semi-imputável. Neste caso, vai responderá por homicídio qualificado, mas terá a pena reduzida em um a dois terços.
Mas se o conselho entender que o lutador é capaz de compreender integralmente o crime, Martinelli será condenado por homicídio qualificado por meio cruel e com recurso que dificultou a defesa da vítima.
FAMÍLIA
A técnica de enfermagem Juliana Oliveira, viúva do engenheiro morto pelo lutador, veio até Campo Grande acompanhar o julgamento. Para ela, o julgamento marca nova etapa na vida da família. Ela acredita que Martinelli vai ser condenado pelo que fez.
“O dia da notícia da morte do meu marido foi o mais catastrófico na minha vida e na vida dos meus filhos. Tudo aconteceu no sábado e a gente aguardava para comemorar o aniversário de 49 anos dele no domingo. Independente dele ter ou não condições, ele tirou o direito dos meus filhos de conviverem com o pai”, declarou.
O CASO
Por volta das 22h05 do dia 18 de abril de 2015, o acusado discutiu com a namorada, que estava gestante, atingindo-a com tapas no rosto e um soco na região glútea, causando-lhe lesões corporais. Tudo isso aconteceu no hotel onde estavam hospedados. Logo em seguida, após sua mulher conseguir desvencilhar-se das agressões, Rafael saiu do apartamento e passou a arrombar as portas de três quartos e, ao arrombar a porta do apartamento em que Paulo César estava hospedado, golpeou a vítima até matá-la.
Rafael Martinelli é natural de Valparaíso, no interior de São Paulo, e estava na cidade para participar de campeonato de artes marciais que acontecia no ginásio do Círculo Militar.
O engenheiro Paulo César estava na Capital a trabalho.