O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) identificou nesta terça-feira (18/04) nove lideranças da facção criminosa de São Paulo que atuavam dentro e fora dos presídios em Mato Grosso do Sul. Segundo a coordenadora Cristiane Mourão Leal Santos, todos estão presos em unidades federais do país.
Autoridades participam de coletiva no MPE em Campo Grande (Foto: Elizete Alves/MPE) |
“O sistema prisional estadual se mostrou ineficaz para custodiá-los”, afirmou a coordenadora do Gaeco. Cristiane explicou ainda que a legislação permite que os detentos transferidos para presídios federais permaneçam por 365 dias, podendo ser renovado por igual período. Um dos líderes transferidos foi Francivaldo Rodrigues Lima, conhecido como Pantaneiro, que estava preso em Dourados e foi para o presídio federal de Porto Velho com outros 14 presos do estado no dia 20 de fevereiro de 2017.
As investigações começaram no meio de 2016, depois de um “salve geral” do grupo criminoso. “Era a ordem para cometer vários crimes para angariar dinheiro para adquirir armamentos”, afirmou Cristiane. Nesta terça-feira (18) foi deflagrada a Operação Desdita que concluiu os trabalhos.
Em novembro do mesmo ano, conseguiram identificar as lideranças e a função que cada um exercia dentro do estatuto. Entre os investigados, dois adolescentes de Naviraí, no sul do estado, foram identificados como “influentes” do grupo por exercerem funções de confiança.
As cinco funções destacadas foram: Resumo Disciplinar – que os integrantes julgavam as ofensas contra o estatuto e definiam as punições, inclusive, expulsões -; Final/Geral da Rua – controle e disciplina dos integrantes nas ruas -; Final do Estado – controle de lideranças -; Geral da Sintonia do Pedido Disciplinar – adquirir armamentos -; Resumo Financiamento – controle financeiro da facção.
No fim do ano passado, os investigadores ainda se depararam com outra situação. Com o rompimento definitivo dos grupos criminosos paulista e fluminense, e os ataques no norte do país, o Gaeco recebeu a informação de possíveis ataques a agentes de segurança no estado.
No dia 31 de dezembro de 2016, Sandro Serafim Natal, vulgo “Barba”, foi preso. Segundo a investigação, ele seria o responsável pelos ataques a agentes de segurança em Mato Grosso do Sul.
Resultado
Ao todo, foram presas 48 pessoas, sendo 24 em flagrante e 24 com mandatos de prisão preventiva em cinco municípios: Campo Grande (12), Naviraí (6), Dourados (4), Ponta Porã (1) e Mossoró (1). Dos 24 mandatos, 15 já estavam recolhidos em presídios estaduais.
Operação do Gaeco prendeu 48 pessoas durante ação contra a atuação do PCC no MS (Foto: Valdenir Rezende/Correio do Estado) |
Também foram apreendidas 10 armas de grosso calibre e quatro veículos. Foram cumpridos 14 mandados de busca e apreensão. Um dos locais foi o Instituto Penal Feminino Irmã Zorzi, em Campo Grande, onde foram encontrados celulares e entorpecentes.
Nas residências dos alvos, foram encontrados, armamentos, drogas, dinheiro e anotações. Em uma delas havia um palhaço. Segundo as investigações, é o símbolo de quem está habilitado para matar policial.
A Justiça determinou o bloqueio de 42 contas bancárias e 92 terminais celulares, entre aparelhos e linhas telefônicas.
Nome
Desdita é sinônimo de azar e faz referência a um dos alvos da operação que durante o período das investigações atribuiu ao número de mortes cometidas por ele e que seria a causa do azar pela desarticulação de suas ações criminosas.